Óleo Verde na Feira Mineira de Resíduos 2025: o óleo de cozinha usado como combustível do futuro

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De lixo à matéria-prima para a produção de biocombustíveis: óleo de cozinha usado acelera a transição energética

Nos dias 27 e 28 de agosto de 2025, Belo Horizonte recebeu a 4ª Feira Mineira de Resíduos, no Centerminas Expo. O evento reuniu mais de 100 empresas e especialistas em sustentabilidade, inovação e economia circular. Entre os participantes esteve a Óleo Verde Resíduos, representada por seu diretor executivo, Rodolpho Mares, que participou de painéis sobre logística reversa e valorização de resíduos.

Mais do que repetir os conhecidos alertas sobre poluição de rios e entupimento de bueiros, a proposta da Óleo Verde foi mostrar como o óleo de cozinha usado, conhecido no mercado global como UCO (used cooking oil), deixou de ser apenas um problema ambiental para se tornar um ativo estratégico em plena ascensão no setor energético.

O mercado global de óleo de cozinha usado deve atingir US$ 7,43 bilhões em 2025, com crescimento anual composto estimado em 8,13% até 2032 (1). Esse ritmo acelerado mostra que o resíduo doméstico e comercial que antes era visto como descarte inevitável agora é tratado como matéria-prima de alto valor agregado para a transição energética.

No Brasil, o cenário acompanha essa tendência. Em 2025, a demanda projetada de biodiesel é de 9,6 bilhões de litros, um aumento de quase 6% em relação ao ano anterior (2). Desde 1º de agosto de 2025, a mistura obrigatória de biodiesel no diesel passou de 14% para 15%, consolidando o chamado B15 (3). Essa medida amplia de imediato a necessidade de insumos sustentáveis como o óleo de cozinha usado, reforçando que ele já é combustível do presente e não apenas promessa de futuro.

Além do mercado interno, há também uma janela de exportação que coloca o óleo brasileiro no radar internacional. A emissão do Certificado Sanitário Internacional Vegetal (CSIV) autorizou a exportação de óleo de cozinha usado para os Estados Unidos (4). O potencial é expressivo: só em 2023, os EUA importaram cerca de 1,4 milhão de toneladas de UCO, convertidas em 2,27 bilhões de litros de biocombustíveis, movimentando aproximadamente US$ 1,66 bilhão (5). Com a certificação, o Brasil passa a disputar parte desse mercado, agregando valor a um resíduo que antes ficava restrito à produção nacional.

A Feira Mineira de Resíduos 2025

A Feira Mineira de Resíduos se firmou como um dos principais pontos de encontro da cadeia de gestão de resíduos no Brasil. Em sua 4ª edição, trouxe debates sobre logística reversa, inovação e soluções sustentáveis. A presença da Óleo Verde Resíduos nesse cenário teve um papel claro: mostrar que a reciclagem de óleo não é apenas uma questão ambiental, mas também econômica e estratégica. Ao participar dos painéis, o diretor executivo Rodolpho Mares reforçou a visão de que a coleta estruturada e certificada abre portas para negócios de grande escala, com rastreabilidade em toda a cadeia de produção de biodiesel no Brasil à exportação para mercados internacionais.

O discurso tradicional de que “um litro de óleo contamina milhares de litros de água” já não é suficiente para mobilizar. O desafio atual é mostrar que reciclar óleo é gerar energia, receita e competitividade. Com dados recentes em mãos, fica claro que esse mercado não é periférico: ele está integrado a políticas públicas, à transição energética e ao comércio internacional de energia limpa e renovável. Para empresas, restaurantes, prefeituras e até consumidores comuns, participar dessa cadeia é entrar em uma rota de oportunidades, não apenas de responsabilidades ambientais.

A presença da Óleo Verde Resíduos na Feira Mineira de Resíduos 2025 reforçou esse novo olhar. Não se tratou de discursos repetidos, mas da constatação de que o óleo de cozinha usado é um ativo estratégico para a economia circular e para a transição energética do Brasil. Com a vigência do B15, a expansão do mercado global e a abertura de portas para exportação, a mensagem ficou clara: cada litro coletado e destinado corretamente hoje representa valor econômico, energético e ambiental. O velho resíduo da fritura virou, de fato, combustível do futuro.


Fontes

(1) Fortune Business Insights. Used Cooking Oil Market Size, Share & Forecast 2025–2032.
(2) Forbes Brasil. Demanda de biodiesel no Brasil em 2025 deve chegar a 9,6 bilhões de litros. Junho/2025.
(3) ANP / Governo Federal. Resolução CNPE nº 9/2025 — Elevação da mistura obrigatória de biodiesel para B15. Agosto/2025.
(4) BiodieselBR. Óleo de cozinha usado se torna estratégico e EUA abrem mercado para o Brasil. Junho/2025.
(5) BiodieselBR. Dados de importação de UCO pelos EUA em 2023.

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